Pela última vez: eu não sou gay!

É meu cabelo? Meu rosto? São meus pés? Minhas orelhas? Onde diabos está o indício que leva o universo a me tratar como um imã homossexual de alta potência? Não consigo compreender exatamente a origem de tal influência, mas os fatos não negam: eu atraio gays.

Acho que não há uma única cantada masculina que eu não tenha levado. Já foi no shopping, em boate, no ponto de ônibus, por MSN, por comentário no blog e até mesmo ao atravessar a rua, fato que por sinal quase me fez ser atropelado.

Ora, não tenho absolutamente nada contra gays e, a contrário de grande parte da população heterossexual, eu sequer tenho algo contra gays que me passam cantada. Acho que eles estão seguindo sua vontade, estão fazendo o que eu faço, porém com mulheres. Logo, por que ficar chateado? Afinal, seja do sexo que for, ser elogiado dificilmente chega a ser algo negativo.

É, mas experimentem ser chamados de “delícia” e, ao virar, dar de cara com uma barba! Sim, uma barba! E um sorriso de aparelho. Não, aí é pra “f*der o cu do palhaço”, ou melhor, não, não é.

Por incrível que pareça, as boates são os locais com os gays menos selvagens (ui), porém em maior quantidade. Por mais que force a memória, não consigo lembrar qual foi a última em que não tentaram me levar para o lado negro lilás da força. Porém, diferentemente de outros ambientes, em maioria estes são mais educados:

“Oi gatinho, você é bi?” – Essa é a pergunta padrão. Ele solta um “gatinho” que é muito pertinente, afinal, se você for gay, ficará amaciado e, se não o for, ficará lisonjeado. Neste tipo de caso, basta um simples “não, mas obrigado” para fazer o cidadão se afastar. Ser grosso não resolve nada, até porque se há alguém a ser culpado na história, é você próprio (no caso, eu) por parecer gay para os olhos de outro gay, certo?

Mas nada supera o teor de bixice que o cidadão pegar na sua mão enquanto você caminha. O pensamento imediato é: “opa, mulher me dando mole” e, ao virar-se, encontra lá aquele cidadão maroto, normalmente com a franja curvada na testa, te encarando com o olhar de sedução que todo homem faz. Sério, mulheres, como vocês caem nisso?!

Em boate ainda, já levei uma engravatada, ou seja lá o verbo que for. Sabe aquela técnica utilizada por zé bostolas em boates playssons ou micaretas para conseguir vagabundas? A que o cara simplesmente dá uma gravata na mulher e a puxa para o beijo, sem sequer uma troca de olhares antecedente, quiçá palavras. Pois é, um cidadão tentou a sorte comigo. Foi a única vez em que fiquei realmente puto, empurrei o paspalho e soltei um “tá maluco, p*rra?!”. O sujeito ficou envergonhado e saiu, até hoje ainda acho que provavelmente o rapaz ficou uma meia hora conversando com mais 3 amigos gays pensando se eu era ou não um compatriata do amor à mandioca e, após várias análises, devem ter chegado a conclusão suprema de que sim, eu era.

Que desagradável. Se ainda afeminado eu fosse, teria a resposta.

Saindo das boates, entramos na verdadeira selva, o local onde normalmente os gays abusados são, de fato, abusados. Este local se chama Shopping e a regra de sobrevivência é: jamais fique concentrado numa vitrine, pois as chances de ter as nádegas apalpadas são assustadoras. E nunca, absolutamente NUNCA, abaixe-se para ver um daqueles preços anotados em papel. Diversas foram as vezes em que dei um pulo e olhei pra trás, para então ver aquele saliente rindo e andando.

A moda já chegou até mesmo ao Orkut. Fui instalar aquela Caixa da Verdade e, como não poderia deixar de ser, as mensagens que recebo são sempre:

Encaradas, beijinhos, piscadas, chamadinhas com o dedo indicador e mordidinhas de lábio são quase que clichês na minha vida.

Medo.

E pra finalizar com chave de ouro, a cantada master plus original no lugar menos propício a tal.
Estava eu atravessando a rua, quando, no meio do trajeto, um cidadão cruza comigo, segura levemente meu braço e diz: “delicioso, te chupava inteirinho durante horas” e prosseguiu a caminhada.

Minha falta de ação durou uns 20 segundos, tempo suficiente para um carro lançar uma buzinada daquelas e uma freada brusca.

Eu olhei para o motorista, gargalhando, enquanto este xingava e me mandava sair da frente, mas eu não sabia o que fazer.

Sinceramente, a escola não prepara a gente pr’essas coisas.