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Uma das fortes essências da vida

8 de setembro de 2009

amigos

São tantos os passos fundamentais para o encontro com a fantasiosa felicidade, a mais involuntária e volátil das sensações. Viajamos diariamente em busca da satisfação, em nossas mentes desconectas, imaginando qual seria o passo necessário para que pudéssemos eleger o dia seguinte como melhor que o anterior. Resumimos o presente como a tentativa de fazer o passado ainda menos satisfatório sob o prisma de nossos potenciais e o futuro cada vez mais promissor em comparação àquilo que já conquistamos.

Costumo dizer que a existência é um grande tabuleiro de Jogo da Vida, mas onde tudo é mais devagar e você não começa já com seu carro escolhendo a profissão. É um jogo de gladiadores, lutando com o objetivo de limpar os obstáculos e obter o sucesso em todas as tentativas exercidas. Alguns têm a sorte de zerar esse jogo, que verdadeiramente resume-se à tentavida de obter recursos financeiros suficientes para ter todas as mordomias de um milionário, é o pensamento condicionado pelo capitalismo que nos transforma em máquinas de fazer dinheiro. Entretanto, após o jogo zerado, muitos são aqueles que descobrem ter entrado no maior buraco negro que já puderam presenciar. Os objetivos desaparecem e o apego ao imaterial toma conta, gerando frustrações no indivíduo que passou seus anos na luta pela matéria. O que viver quando já se tem tudo, mas tão pouco?

Existem valores que vão muito além do capital, que importam mais que qualquer moeda ou jato particular. Valores esses que cada vez mais perdem a importância para seres sempre controlados pelo ciclo vicioso do egoísmo, da disputa pelo lugar mais alto. Pessoas choram, crianças gritam, desesperados tiram a própria vida quando não resta mais nada se não o vazio. Seguindo uma linha de Durkheim, todos precisamos descobrir nossos elos para justificar nossas existências. Infelizmente, temos uma dificuldade muito forte em descobrí-los, mesmo estando tão perto. A profanação da palavra “amizade” acontece desde sempre. Tornou-se um clichê, uma bobagem, algo que a sociedade, de forma geral, não enxerga mais como necessidade básica humana. O coleguismo ganha força, os interesses falam sempre mais alto, a dificuldade de criar confiança em alguém nunca foi tão grande. Afastamo-nos daqueles que deveriam estar sempre ao nosso lado pelos motivos mais irrisórios e insignificantes, como o início de uma nova relação que, quando terminada, deixa as dores e o sofrimento que somente aquele de quem nos afastamos é capaz de ajudar a superar.

Sinto às vezes que a dor do grande amigo me causa ainda maior sofrimento que se minha própria dor fosse. Conforta-me saber que tenho alguém para sentir o mesmo quando de fato é. A luta diária torna-se incrivelmente mais sustentável quando podemos enxergar noutrem aquilo que buscamos com maior avicidade, mas que muitas vezes sequer percebemos que buscamos, o conforto de uma relação movida pelo altruísmo, pela força, pela vontade de ajudar e, principalmente, pela existência de um guindaste capaz de tirá-lo imediatamente da mais profunda poça de lama com sorrisos e verdades. Alguém que não estará lá para dizer o quão errado você está, mas o quão certo pode se tornar. Não há maior satisfação humana, independente de recursos ou amores, que a existência de um verdadeiro e inconfundível… Amigo.

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